Quarta-feira, 1 de Setembro de 2004
Poesia
EM LOUVOR DO FOGO
Um dia chega
de extrema doçura:
tudo arde.
Arde a luz
nos vidros da ternura.
As aves,
no branco
labirinto da cal.
As palavras ardem,
a púrpura das aves.
O vento,
onde tenho casa
à beira do outono.
O limoeiro, as colinas,
tudo arde
na extrema e lenta
doçura da tarde.
Vê como o verão
subitamente
se faz água no teu peito,
e a noite se faz barco,
e a minha mão marinheiro.
Eugénio de Andrade
De
100chave a 1 de Setembro de 2004 às 20:26
Já tinha saudades de poder vir aqui e deixar um comentário (TENHO TIDO PROBLEMAS DE ACESSO COM O SAPO...). Agradeço também todas as palavras que tens deixado; elas deixam transparecer uma alma que me compreende. Obrigado.
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