Lembrei-me de ti quando entrei naquela gruta da Serra,Do gosto de andarmos e escorregarmos nos musgos das rochas,Tu descontraída e sorridente e eu aflito para não mergulhar no mar,Da felicidade que teus olhos espelhavam e eu, confesso, meio aterrado,No alto disfarçava sentindo tua boca na minha e teu sôfrego respirar
Nos jorros de água que caíam na corrente lembrei-me do chapinar dos teus pés,E nos reflexos brilhantes encontrei o brilho dos teus olhos raiados pelo sol,O meu respirar tomava vida sibilando nas paredes molhadas,E em vibrações surdas devolviam-me o ar que respirava, que na altura respiravas
Sondei o eco com teu nome em grito sereno,Espalhou-se no fechado da gruta vibrares que me tocaram de fininho,Envolvendo-me, levando-me para outras paragens, sítios marcantes,Talvez por impressão minha pareceu-me ouvir tua voz baixinho.Ilusão claro e que importa? Adoro as emoções de vidas constantes
E se fechar os olhos
se fechássemos os olhos agora aqui,Neste lugar lavrado pelas águas pelos musgos pelo tempo sem data,Algo de mim, de nós, se desprendia do corpo em transcendências sem rumo,Talvez para os rochedos dos nossos desenhos que nada apaga nada mata!...E sabes, continuo a ter terror danado quando ando pelos musgos!Carlos Reis(Imagem: António Vale)