Aos poucos o manto nebuloso vindo do nada vai-se levantando com parcimónia,Num levantar de véu ritual de quem enrola a sua vontade por que assim o deseja,Lento o rio mostra o seu rosto de brilhos ondulados de acalmia em águas já estendidas, Gentileza recebida em saudações de abraços que a terra molhada festeja,Sulcando as margens do outro lado que ainda disformes tomam corpo pedregoso,No serpentear da água que cria efeitos dourados nas pedras mais reluzentes,Cinzeladas pelo vai vem do leito contínuo e teimoso
E as sombras fantasmagóricas dos montes vão-se desvanecendo,Mostrando a imensidão da beleza dos seus corpos bem desenhados no horizonte,Paisagens de verdes azulados brilhantes que se acavalam em carrosséis sem fim,São degraus enormes que cubro com o olhar cada vez mais deslumbrado,Na magistralidade do vulto montanhoso que ao longe se vai revelando,Imponente no seu dorso maciço que se ergue rasgando o céu estremunhado
Os feixes de azuis esventram pela espada do alvorecer o que resta da neblina,Anunciando dia novo pelas pinceladas coloridas por tudo quanto é sítio,Árvores na sua altivez espreguiçam-se e penteiam-se com a ajuda das mãos do vento,Deixando cair algumas folhas secas e lágrimas da humidade da noite de frio, Embelezando-se abrindo os cabelos floridos das pétalas nas vaidosas flores,Os galináceos em coros repetitivos decocorócocos saúdam-se e saúdam-me,Ecos de companheirismo aos ladrares dos cães que se espalham em clamores,Na bela sinfonia viva de vozes e cantares naturais que absorvo a contento
E Eu minúsculo cá em baixo sentado no chão do tempo,Deixo-me envolver por tudo isto e sons das rãs e aves que se deitam e acordam,Nos sopros da brisa fresca que animam os meus sentidos despertos e contentes.Em emoções que canto em silêncio nada omitindo à espiritualidade do momento,São violinos da alma que em estribilho louvam o pulsar das vidas emergentes,Sinto-me como mais um monte de átomos unos com a natureza que me rodeia,Neste cenário de alegria indizível, teatro de aplausos solenes que meu sangue incendeia!Carlos Reis(Imagem: Web)
De
Amita a 22 de Outubro de 2008 às 21:48
Maravilhoso este amanhecer para onde fui transportada pelas tuas palavras sem me dar conta, sentindo o encanto da Natureza rodeante.
Agradeço-te a beleza deste momento, Carlos.
Com carinho, um bjinho e uma flor
De
isa a 6 de Outubro de 2008 às 01:32
Olá menino dos sentires,
Excelente... um manto de palavras enfeitar a natureza...
beijinhos
Isa
«Na bela sinfonia viva de vozes e cantares naturais que absorvo a contento
» ...Mesmo sentindo-me pequenina perante este belo Amanhecer, deixo-me ficar mais um pouco.
Contemplando...
Quase sentindo cada som, cada cor...
Sempre bom ler e reler!
Bjs
MJ
Como eu adoro cada um dos seus textos. Adoro!
Um beijinho*
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