Sexta-feira, 27 de Agosto de 2004
Poesia
NO LUME NO GUME
Vê como a nudez cresce.
Seria fácil pousar agora
no lume
ou no gume do silêncio
se houvesse vento:
mas quem se lembra do branco
aroma da alegria?
Reconheço no vagaroso
andar da chuva o corpo do amor:
vem ferido: nas suas mãos
como dormir?
Como enxotar a morte: esse animal
sonâmbulo dos pátios da memória?
Bago a bago podes colher
a noite: está madura:
podes levar à boca
a preguiçosa espuma
das palavras.
E crescer para a água.
Em lábios muito jovens
a turbulência das folhas
luta ainda com a raiz da água.
Em lábios muito jovens arder é tão lento...
Eugénio de Andrade
De
Carla a 1 de Setembro de 2004 às 03:11
Em lábios muito jovens, a palavra 'não' aprende a crescer quando dizer 'sim' nos retira os sorrisos. Em lábios muito jovens, o amargo de boca virá a seu tempo, virá talvez muitas vezes, para que mais tarde esses lábios saibam dar valor ao que vale a pena. Beijo grande, gostei imenso!
Querido amigo, obrigada por este poema, tem um significado enorme para mim, toca-me profundamente... Muitos beijinhos, desejo-te um dia muito feliz!
De
amita a 27 de Agosto de 2004 às 22:17
Maravilha. Brindas-nos sempre com excelentes poemas. É bom vir aqui. Bjinhos
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