Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2005
De Manhã
Muito gosto eu na janela, ver o raiar do sol pela manhã,
as pinceladas multicoloridas são um dançar eterno,
luminosos corpos e figuras se criam e agigantam,
aos meus olhos pasmados de luz e cor.
As gaivotas em grupo dançam na tela do céu,
em desenhos síncrones de alegria,
são aviões de coração e alma que gozam no ar,
em sinfonias de silêncio... ou de cantares de namoros escolhidos.
As pombas aparecem desconfiadas,
olham-me na dúvida: há ou não comida?
Faço aparecer nas minhas mãos bocados de pão que lanço no ar,
e as acrobatas se saciam no chão, com seu andar autómato.
Cheiro divinamente o aroma do café do vizinho,
chupando cigarro e sorrisos nos olhos,
olho o relógio... é a penitência depois do gozo do amanhecer,
não tenho dúvidas, tá na hora de me pôr a mexer!
Mas antes de me ir, lanço último olhar aos telhados coloridos,
ao céu pintado por mim... sou eu que o vejo assim!
E sei que dia vai ser bonito,
tal como os desenhos das gaivotas à minha frente!
E os violinos de bem-estar que até agora me acompanharam,
vou deixá-los à janela,
amanhã pego neles e bom som me vão dar novamente,
exactamente como o cantar dos pássaros,
e o cheiro divino a café do vizinho!...
Carlos Reis