Terça-feira, 22 de Março de 2005
No Horizonte Vislumbro-te!
No cimo da montanha em que meu pensamento se eleva,Ergo os braços às correntes de ar que me alimentam,Olho o Sol com forma de rosto, que nossa casa invade a seu belo prazer,E dasafio a gravidade baloiçando, no precipício da montanha,Tal como os falcões na procura das presas...E a minha presa é o Sol que moldura teu rosto, criatura intrigante!!!Carlos Reis
Sábado, 19 de Março de 2005
Espelhado
Olhei-me ao espelho e gostei do que vi,mas num toque descuidado no espelho,minha imagem partiu-se no chão...Peguei em cola e papel e pincél,e com cuidados mil, lá me reconstruí...Ó PRA MIM TÃO GIRO!!!Carlos Reis
Terça-feira, 15 de Março de 2005
A Bestialidade do Viver Assim
Bem hajam montanhas e montes
Por me proporcionarem este divino viver...
A preguiça é rica em lucidez e arrojo tão perto do céu,
Até os pássaros e aves me olham de curiosidade,
E prontos no seu jeito de dizerem, anda, vamos ensinar-te a voar,
E eu elevo-me com eles pelos céus só de os olhar,
E corro por entre árvores e pedras com uma leveza tal que me espanta,
A sensação é bela, profundamente bela, iniciar assim o meu voo das aves,
Onde o precipício não me assusta, acolhe-me de braços longos, beijando meu rosto,
E grito ao espaço imenso, às lufadas de ar enebriante -É BESTIAL VIVER ASSIM!...
Nu nas águas claras das cascatas, canto à divina sensação do Belo!
Sou de uma imensidão tal, que até anjo me sinto embalado pela música,
Das águas caindo das cascatas... e rio-me assobiando à embriaguez do momento!...
Carlos Reis
Quarta-feira, 9 de Março de 2005
Tuas Sombras
Percorri caminhos em desvarios seguindo tuas pisadas,Foram ruas e vielas e estradas por mim calcadas,Gritando em silêncio pela tua imagem tormentosa... És sombra multi-colorida, por mim fixada.Nem o oceano galáctico me impede,Com cantares apaixonados te perseguir,Vou... irei com certeza, um dia te descobrir,Às tantas, em nebulosas ideias,Sentada,De olhar vivo à minha espera!...Carlos Reis
Terça-feira, 1 de Março de 2005
Passagem das Horas
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(excerto) Álvaro de Campos