Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2006
Olhar de Raios Azuis
Soube-me a pouco os teus olhares sensuais,Com que despiste a minha alma,Naquela tarde cinzenta que fizeste ensolarar,E de repente desapareces sem um recado me deixares?...Momentos, horas, sei lá... fiquei entontecido te mirando,Deste-me água com os sorrisos em lábios molhados,Desenhos encarnados de língua disfrutei, me maravilhei,E vais-te embora sem uma nota escrita, para te retribuir o encanto?... Foram intensos, penetrantes, os raios do teu olhar,Que petrificado não tive olhos para mais nada,Senti-me a levitar com tuas insinuações, de mãos, dos dedos,E ali fiquei pasmado por ti, com teu cabelo na brisa acenando-me,Esperando um sinal para te seguir, evaporas-te, sem mais,Deixando-me sentido, triste... nem um breve sorriso,De despedida me deixas-te,Silhueta azul de maré deslizante!...Carlos Reis
Segunda-feira, 16 de Janeiro de 2006
O Saber das Pedras
Por vezes caio numa espécie de dimensão mental fora do tempo presente,E não o faço de propósito... Acontece!...Absorto nos meus pensamentos e olhando em frente e em redor,Tudo o que vejo, na verdade não vejo como se estivesse ali,E sim em outro lado.Os silêncios são de um sossego atroz, mas não calados.Os ruídos externos à minha volta não me perturbam;Estão ali, ouço-os, como se me atravessassem a um nível de frequência,Diferente há minha existência do momento!...E as ideias, juízos e raciocínios são tão claros e cristalinos que me espantam!Oceanos de palavras, sensações e percepções, formam-se em ondas de retalhos,Que evoluem em cenários austeros, míticos e eloquentes... banhando-me os olhos;Em montanhas de visões mediúnicas que se unem formando sentido na disformidade!E nada à minha volta me incomoda, sou imune a tudo o que me rodeia,O meu olhar torna-se tão profundo que leio nos rostos, olhos e corpos,Todo o passado de cada um!E as revelações dos escritos das pessoas, aves e outros animais,São surpreendentes... coincidem no mesmo ponto... a felicidade!!!Está escrito nos dizeres das pedras, que todos nós, à sua maneira,Procuramos a mesma coisa... A FELICIDADE!!!...Carlos Reis
Quinta-feira, 5 de Janeiro de 2006
Levezas do Olhar
É inebriante olhar o mar desfeito em milhares de azuis,e o encanto leva-me a subir rochas, rochedos, em desafio,Ondas vorazes de braços estendidos, prontas para me agarrarem,Ludibrio-as com a leveza de passos mansos, provocando-as,E o mar chora lágrimas salgadas, molhando-me, e eu rio!Corro até à ponta do molhe e aponto-te meu olhar gozador,Humilho-te mar, pondo em causa teu poderio de braços no ar,Grito aos céus para testemunhar, como tuas ondas iradas não me intmidam,Molhado, encharcado sim, mas firme e destemido te faço frente!Não me leves a mal mar, é por gostar tanto de ti que te confronto,E me atiro para dentro de ti, para sentir teu gostar denso e tonto...És a fonte que lava minha alma, daí que não me amedrontas!Carlos Reis