Terça-feira, 30 de Maio de 2006
Melodia

Cantos serenos o do meu olhar,Pousado nos brilhos cintilantes das cores,Que se tocam, se namoram no espelho do mar,Pudesse eu fundir-me a elas e tornar-me num azul luar.Gritando em silêncio ao bailado das ondas,Ao eco surdo do meu pensar,Que me leve pelo horizonte, sempre em frente,Nada de para trás olhar,Deixar de ser pessoa por momentos,E arrebatar a essência dos átomos e cor me tornar.Que gratidão a minha bem grande,Levar asas de penas feitas de ar,Fluindo pelas rochas, pela água em êxtase,Talvez peixe, talvez ave, entidade desarmante,Coisa sem corpo, coisa de montar
Carlos Reis
Terça-feira, 23 de Maio de 2006
Clamores Actuais

Os dias andam tão cinzentos!...Sobre os montes desfraldados à sabedoria dos ventos altos,Deponho meus pensamentos em maturação,Talvez saberes por mim desconhecidos apurem e me digam,O que são os novos rumos do mundo, o intuito dos novos alvos.Para que melhor possa entender as palavras com que descrevo;Os uivos e ruídos de dor, miséria e amarguras,Que me chegam dos vizinhos aos gritos,Da cidade lacerada pela avidez e ódio mesquinho,Do mundo a finar-se em quezílias, guerras
de mansinho.Do pão negado a tantos para abarrotar uns poucos barrigudos,Das lágrimas caídas no chão sujo, tapete dos pedintes e remediados,Do conforto desmedido pago por aqueles que em frenesim,Percorrem as ruas com caras de sono e olhos esbugalhados.Olhos alegres em almas tristes são as dos miúdos,A mirarem as montras bonitas de roupas desejadas,E os carrões que passam levando com eles o brilho de sonhos embaciados,Da rapaziada que espera nas filas dos autocarros
resignadas.Que louca bravura a de hoje na procura dos bens fáceis, ou duros!(Doa a que doer, sem pestanejar)
Carlos Reis
Sábado, 13 de Maio de 2006
Por Aí!

Sou um ser andante, meio perdido meio encontrado,Calcorreio ruas e estradas deambulando,Pego boleia aqui, e deixo-me ir
Saio mais adiante, num sítio qualquer, nunca estranhando,Afinal o que quero é viajar, as estrelas que me guiem.O instinto da aventura é que suporta meus impulsos,Não tenho bússolas nem orientações,Encarno algo
Sem bilhete, as cidades acolhem-me indiferentes,Pouco me importa, estar lá já me chega,A contento no meio das multidões.É navegar sem vela, pisar no escuro,Procurar o evidente ou absurdo,Gostar do que encontro ou não,Olhar, acenar, cumprimentar
tudo, menos em vão!...Carlos Reis
Domingo, 7 de Maio de 2006
Para As Meninas Mães

Salvé Mãe!...Olhos reluzentes de conforto,Deixa-me encostar a cabeça ao teu ombro firme,E ouvir tuas recomendações e conselhos,Meio adormecido, absorto
Afagar teu rosto lindo, fazer-te sorrir,- Teus sorrisos são portas de luz que guiam meus passos,São o encanto da tranquilidade e segurança,Das belas sensações de teus dedos no meu cabelo,São a exaltação do peito a florir
Beijo-te a face de pele de menina,Marcada pelo tempo,Sinais dos teus caminhos, do meu viver;És o mais belo mistério natural que conheci,Sol, rochedo sempre presente, fortaleza e mina
A tua imagem Mãe, é a minha bênção diária,Que me acode e insita a continuar,És o astro, o colo do meu sonhar,As mãos dos carinhos e do saudar,Fica com meu beijo terno e
até já!...Carlos Reis