Letras Pinceladas

Hoje vou-me, preciso de andar pelo mundo,Não fiques triste, voltarei um dia e contar-te-ei,O que meus olhos viram e coração sentiu de alegrias e tristezas,Levo-te em mim, és o caderno onde assentarei,Os cansaços, os risos, as lágrimas que possivelmente derramarei…Vou porque o tédio diário são grilhetas que me cortam a alma,O sangue emocional é muito, fontes de desnorte,Preciso de novas estradas, rostos, azuis de outros tons,Pecados novos, namoros que ainda não conheci e vivos sons,Onde se espelhem vivências de casos com ou sem sorte.Preciso de dar ao mundo o meu olhar,E recolher o que ele tem para me contar!...Saber da miséria e dos contentamentos das cidades e aldeias,Apertar a mão de ricos e pobres e sentir-lhes o pulsar do suor,Dos desejos, das ambições, das ideias pensadas e sonhadas,Se calhar há muito na arca da mente, ou gavetas cheias de bolor,Vou gravar e decifrar tudo isto para ti Senhora sanidade!Quando voltar, prometo-te, trazer-te-ei fios de ouro de relatos vivos,Espectros de fantasmas solitários e sofridos dos menos ricos,Também bolsas de sorrisos abençoados e coloridos,E nos passeios até ao sol escreveremos tudo isto nas águas dos rios. Carlos Reis(Imagem: Web)

São figuras, cascatas de formas, todas fantásticas ao entardecer,Quando o sol desenha nas nuvens vagarosas que se passeiam!Mestre como é nas cores, pega no seu longo pincel,E lá se vai divertindo a formar contornos e pinturas soberbas,E eu aqui contemplando, extasiado, com belas formações surrealistas,Ora claras de rostos sorridentes, ora soturnas de olhares sombrios.Em baixo o mar, hoje calmo e sereno, reflecte a tranquilidade da minha alma,Espreguiçasse clemente em carinhosos abraços pelos rochedos,Espalhando mansamente a espuma pelas areias que agradecem.E a pequenada deliciasse com a ternura do dia e a frescura da água,Em jogos e danças de prazeres sonhados e vividos… inacabados!Tal como elas amanhã cá voltarei,Para ver as novas caretas que o sol vai criar,E na indolência do dia vou um bocado mais por cá ficar!.... Carlos Reis(Imagem:Web)

Lê-me os sinais minha querida amante,Não tenho rumo e o caminho não é o meu,Vim até aqui parado no tempo deambulando,Mostra-me as calçadas e ruelas para caminhando,Seguir a tua mão hoje de claridade tão ténue,E sair deste bosque de casas e casas todas iguais,Para te encontrar à beira-mar como combinamos…Se te pudesse ver ao menos por um segundo,Um traço de luz chegar-me-ia para te seguir,A noite está tão escura e sombria sem teu rosto iluminado.Os deuses ao saberem do nosso namoro,Enganaram-nos!Trapaceiros cruéis que te taparam de nuvens negras,Com ventos fustigados de uivos,Desnortearam-me os passos,E sem tino calcorreio passagens de emoções a sós!...Queria tanto dançar contigo hoje,Sapatearmos cantigas da infância,Só nossas.Cantar-te as músicas de tantas noites,De paixão sem fim…Queria olhar-te antes de adormecer Lua!...Carlos Reis(Imagem: Web)

Sou parte deste mundo terreno e do cósmico,E de olhos fechados gosto de pensar nas coisas,A velocidades altíssimas, como a da luz!...O nosso cérebro tem potencialidades inimagináveis,É um Universo em miniatura e ao mesmo tempo tão imenso,Como o Universo em expansão cheio de matérias conhecidas,E desconhecidas… visíveis e invisíveis. De luz clara e luz escura.Afinal não somos nós produto das mesmas matérias do Universo,Do Cosmos!?Gosto de pensar que por trás das máscaras das faces e dos rostos,Há abismais turbilhões de energia em constante activação,Moléculas e células agindo e reagindo tal como os planetas, luas,Sistemas solares, galáxias; igual ao que se passa no Universo exterior…Penso que somos seres ainda muito primitivos na evolução dos tempos,Imagino tempos vindouros em que faculdades como a telepatia, a psicognosia,E muitos outros conhecimentos de percepções extra-sensoriais,Vão fazer parte do dia a dia das pessoas em resultado de melhoresConhecimentos e desempenhos do Cérebro!...Amanhã quando o Cérebro e a Emoção (ou Alma), ficarem mais claros,E podermos desfrutar mais das suas faculdades e capacidades…Então, talvez, já não feche os olhos e me deixe ir por aí,A altíssimas velocidades dentro da cápsula do tempo… nestes pensares!...Carlos Reis(Pintura/Desenho: Carlos Reis)

Toma lá esta flor mulherE alegra essa cara tão sisuda,Peguei-a do canteiro da vizinhaAgora não lhe contes nada!E combina com teu avental de vendedora,Cheio de rosas e sóis, jardim de pano,Pena que os bolsos estejam tão vazios,-A lida hoje esteve fraca e o dia já acabado!Não esmoreças assim tanto e no querer aprecia,O pôr-do-sol tranquilo ainda não se deitou,E a sorte do ganho do dia ainda não findouPois os rasgos da finura da venda continua,Para meu contentamento e tua primazia…Vou fazer um trato contigo:Dou-te estas três moedas que trago comigo,Se me venderes um pregão e um sorriso aberto,Para levar à minha amada que vou visitar aqui perto,Como te dei a ti a flor levo-lhe o teu sorriso do trato,Para pôr na ombreira da janelinha do seu quarto… Carlos Reis(Imagem: Web)