Quinta-feira, 28 de Junho de 2007
Bailado Nocturno
Não quiseste vir e fui só pela noite apanhar o brilho das luzes,Assobiando baixinho por ruas e travessas nuas,Na companhia das sombras que a brisa fresca inventa,Em danças estranhas deitadas no chão e encostadas às paredes,Como nos palcos dos circos onde os corpos voam sem redes
Desci escadas e vielas em direcção ao rio,De braço dado com minha sombra,Que teimosamente não me largava,Em jeito de anjo da guarda.Caminhei pelas bermas da água olhando a ondulação de coloridos vários,E no namoro do rio com as margens em toques sossegados,- Beijos repetidos em silêncio e cumplicemente sonegados!...E as estrelas e constelações que comigo brincaram aos brilhos,- Ai o que tu perdeste
quando doidas de riso me ofuscaram,De bailados e cânticos, como nunca vi, onde o céu e a terra me tocaram!... Carlos Reis(Imagem: Web)
Quinta-feira, 21 de Junho de 2007
Silhueta da Noite
Abre o pacote que te deixei à porta,E põe no dedo o anel que roubei ontem ao tempo,Verás assim pelos meus olhos a beleza da natureza,Que me permitiu pegar nas cores e selar nosso gostar intemporal.Lembras-te dos nossos passeios nocturnos pela beira-mar,Em que dizias; -se pudesse pegava numa estrela e fazia um diamante,Para na nossa aliança de atracção o colocar?Tem-lo aí, dou-to, sou ladrão para te conquistar!... Se não puderes saíres manda-me uma mensagem pelos pombos,Diz-lhes que estou lá ao fundo no paredão,Molhado pelo mar à tua espera sentado no chão!Mas diz-me alguma coisa, um sinal, um beijo trazido pelo ar,Antes que ceda às tentações das ondas que me ensombram,E não tenha mais forças que com elas lutar
Tenho, preciso de te sentir hoje, minhas mãos trémulas desesperam,Necessito dos teus braços e das lembranças que me restam!...Carlos Reis(Imagem:Web)
Quarta-feira, 13 de Junho de 2007
Pintura
Vou cobrir-te de sonhos, longo horizonte de aguarelas
No amarelo; A da fada sem rosto que namorei no outro dia em areias douradas,No encarnado; Meus olhos raiados de vermelho pela paixão de teus lábios que me encantaram,No verde; A frescura do teu corpo que me possuiu em salpicos de água nas rochas molhadas,No azul;O manto do céu que cobriu nossa nudez depois das delícias dadas e partilhadas.E nas sombras do crepúsculo;As promessas juradas no ar esbatido pelas cores de nossas auras libertadas!...Nosso andar nas águas mornas do mar,Deixam rastos da épica pintura criada no húmido ar,Sensações e impressões são levadas
vão navegando por aí!... Carlos Reis(Imagem:Web)
Terça-feira, 5 de Junho de 2007
Sons No Silêncio
E quando a noite me empresta seus silêncios,E eu já desenleado do lixo dos ruídos,Pego na viola e toco coisas para mim e eco que me ouve,A lua gorda toda maquilhada vem-me ouvir também,Aproxima-se tanto que se estendesse o braço a tocaria nos lábios coloridos.E com a brisa fresca chegam-me sons de aplausos,Não sei de onde
vêm lá debaixo do cheiro do mar
-As sereias deixaram de brincar para me escutarem também,Sentadas nas rochas e areias inventam palmas com as caudas no ar.E as gaivotas em bando esvoaçam às voltas em carrossel frenético,Deixando cair piares de agrado que se espalham,Vezes sem conta no eco da noite
em sinal alegre, feliz e hipnótico.Embrenhado assim nos acordes dedilhados em lenta candura,Sonho ver nas ondas do mar silhueta feminina que me olha,Sorrisos levados na água que me tocam os sentidos,Beijos que me chegam dos reflexos da água e da sua doce frescura
E minha viola toca, toca
e eu canto sem dizer palavra nenhuma!...Carlos Reis(Imagem: Web)