Domingo, 26 de Agosto de 2007
Gente Pequena - Fontes de Luz
Sinto-me perdido no meio da miudagem,Uns mais outros menos novos tanto faz,Elas e eles aos poucos fazem-me perder a roupagem de adulto,Sem dar por ela estou enrolado nas suas brincadeiras,Travessas, pacíficas, disparatadas e que importa?É um gozo puro e genuíno que chego a sentir inveja desta gentinha.E os risos!?... Ai os risos estridentes, agudos e graves como trompetes bem soprados,Que não ferem, são musicalidade de decibéis altos que absorvo com bons agrados
E os olhos bem abertos tão brilhantes como estrelas lacrimejantes,Em combinação plena com sorrisos imensos no ar, espalhados e fulgurantes
O saltar, correr e cabriolar sem fronteiras são o firmamento em êxtase,Nada de controlos, emanações intuitivas puras de movimentos em transe
E os beijos, e os gritos de vitória de jogos que chegam a mim em braços pequenos,Abraços prolongados, mimos entusiastas, cheiros de corpos inebriantes,Suados de alegria, palpitares a mil à hora acompanhados de olhares serenos,E eu sinto-me tão miúdo, tão pequeno como eles!...Carlos Reis(Imagem: Web)
Segunda-feira, 20 de Agosto de 2007
Traços Do Belo
As coisas Belas como subjectivas que são,Pertencem a cada um, merecemos este depósito.E todos temos baús de emoções cheios de recordações e lembranças lindas,De ontem, de hoje, imagens e acontecimentos reais outras imaginadas,Mas sempre só nossas
mesmo quando partilhadas!Lembro-me de viagens de barco que fiz, belíssimas!...Onde a água e as nuvens e os azuis dos céus eram excelências, Sorver o sabor e cheiros do mar em passadeiras a perder de vista,Me deliciaram
tudo ondula, tudo nos invade, e perdemos as consciências
Senti-me exausto por vezes de tanto brincar aos desenhos, puzzles,Pegando nas nuvens aqui e pondo-as em outro lado onde quisesse,As viagens de barco dão-nos isto a tela é imensa e corremos por onde nos apetece
Mas há algo de Belo que me atrevo a colocar em primeiro,Primeiríssimo lugar e em relevo
O corpo feminino
o corpo da mulher desnudado,Macio e veludado, ou não
Esguio e delgado, ou não
Atraente e desejado, ou não
Querido e louvado, ou não
Mas há algo de sublime, de belo, de misterioso e encantatórioNo corpo da mulher
tal como no mar curvado e ondulado,Que creio que Deus quando o criou estava em omnisciente inspiração!...Carlos Reis(Imagem:Web)
Segunda-feira, 13 de Agosto de 2007
Tempo
Por vezes o tempo parece cruel,E se calhar até é
Mas mais cruel são as pessoas sem tempo!...O frenesim diário já não deixa ninguém sossegado,Corre-se tanto que os minutos as horas evaporam-se em nada,É penosa a demanda em rostos cansados de sofreguidão deslavada
O olhar anda tonto pois nem segundos tem para admirar o que o rodeia,Anda perdido no meio dos ruídos e encontrões dos sons,Das pisaduras dos desafios epilépticos actuais sem senso,Tudo se quer no mesmo instante doa a quem doer sem perdões,Para onde vão os breves e sentidos instantes de contemplações?!...E os passeios ao fim da tarde para onde vão se já não há tempo,E as voltinhas à beira-mar, no engate, piscares de olhos cúmplices,Os namorados ainda se beijam demoradamente a contento?...Carlos Reis(Imagem: Web)
Domingo, 5 de Agosto de 2007
Purgando
Anda, vem daí, dá-me a mão e vamos subir ao alto do rochedo,Cheirar o mar e tocar os fios dos brilhos das estrelas
Sabes, é aqui que abro minhas asas de anfitrião do meu ser,Abro o peito e deixo sair o veneno que tanto me consome,Solto-o ao vento ou atiro-o ao mar pois ele não presta,Rasgo-o e desdenho-o antes que corrompa a alma linda que me resta.São momentos estes de tempestade de euforia não contida,Com que luto ferozmente para libertar tanta acorrentada ansiedade
Depois leve e fresco saúdo os céus com lágrimas soltas de alegria,E ouso sentir-me tão alto que faço das estrelas meu olhar,Onde tudo que me rodeia arrebato e absorvo e entendo;No espírito esclarecido, fineza dada, pelo encanto do momento.Solicitudes de agrado chegam-me que meus sentidos captam,Vindos do vento, das músicas do mar, dos silêncios que cantam:Melodias das águas de riachos serenos, risos de pessoas em partilha,Festejos de cantoria em bailados de pensamentos que enlevam meu sentir!...Anda, dá-me a tua mão ego,E ouçamos nosso andar pela areia molhada!Carlos Reis(Imagem: Cabo da Roca)