Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2008
Sons nos Silêncios

E quando a noite me empresta seus silêncios,E eu já desenleado do lixo dos ruídos,Pego na viola e toco coisas para mim e ecos espalho para quem me ouve,A lua gorda toda maquilhada vem-me ouvir também,Aproxima-se tanto que se estendesse o braço a tocaria nos lábios coloridos.E com a brisa fresca chegam-me sons de aplausos,Não sei de onde
vêem lá debaixo do cheiro do mar
Ou de cima, da Lua sorridente e nuvens dançantes despidas,-As sereias deixaram de brincar para me escutarem também,Sentadas nas rochas e areias, inventam palmas com as caudas no ar.E as gaivotas em bando esvoaçam às voltas num carrossel frenético,Ondas de danças colorindo o céu de enfeites femininos,Deixando soar seus piares de agrado que se espalham,Vezes sem conta no eco da noite
em sinal alegre, feliz e hipnótico.Embrenhado assim nos acordes dedilhados em lenta candura,Sonho ver nas ondas do mar silhueta feminina que me olha,Sorrisos levados na água que me tocam os sentidos,Beijos que me chegam dos reflexos da água e da sua doce frescura
E minha viola toca, toca
e eu canto sem dizer palavra nenhuma, Para ti menina que me encanta desse lado que me escuta,Os sons que desfio em cascatas corridas pelo teu leito
teu colo desnudado,Onde desagua o frémito do meu sentir dado!....Carlos Reis(Imagem Web)
Terça-feira, 15 de Janeiro de 2008
Desenhanho Adulações

Se tivesses vindo comigo palmilhar as areias quentes,E olhar o Sol sábio, indagador e perspicaz,Terias percebido o peso das emoções que deixei escrito no meu olhar,Quando alinhavei e peguei nas tuas mãos lá atrás
Terias percebido que em silêncio pedi-te que ficasses,E mostrar-te-ia o sítio onde o fogo do gostar mais arde,Onde o amor e ódio mais se completam e detestam,E escolherias sem lágrimas as portas do inferno ou da arte
Quisesses tu partilhar os voos da luz no horizonte afável,Onde os sons do meu pensamento são hinos dos céus;Caminhos azuis, cascatas de mel, castelos de palavras que se elevam,Poisos de rouxinóis apaixonados, ninhos de braços (os meus e os teus)
Disse-te tanto nas palavras que não escrevi,Não entendeste o brilho dos meus olhos e do sol confidente,Os dizeres das ondas molhando-te os pés,Os sorrisos que espalhei no teu cabelo,Os dedos amantes que lábios desenharam no teu peito
Não entendeste mas fica sabendo que gosto de te pensar,Sorver-te em mim criatura das mil vozes que as palavras veneram,E que o vento abraça em paixões musicais deleitadas,No tactear o fresco da noite que me chega e conta-me segredos teus,Descalça e nua no bailado da lua em caminhos de azuis e andares soltos de gazela!Carlos Reis(Imagem Web)
Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2008
Canção

Vai silhueta ou miragem por aí sem destinoSe puderes leva-me contigo na tua sombra de florNos cheiros que espalhaste em toques ousados na minha pele dadaNos lábios fogosos de beijos amantes de vontade, de sedesVai silhueta ou miragem por aí sem destinoMas não me tires as fantasias do vento namorado por ambos, sentido e saciadoDa imensidão dos céus de sonhos em cumplicidades partilhadas e desejadasDo perfume dos teus cabelos longos ondulados como as ondas do marVai silhueta ou miragem por aí sem destinoE não esqueças a aventura carpida que pintamos e enfeitamos noites sem fimNa tela dos nossos peitos comungados de emoções e sentires palpitantesEm momentos de volúpia das nossas carnes em constante seduçãoVai silhueta ou miragem por aí sem destinoE canta pelos mundos quão é belo quando duas almas se queremEu continuo por aqui para te memorizar a respiração secretaNa fogueira imensa no crepitar do meu pensarVai e voa sem destino!...Carlos Reis(Imagem: Web)