Descia solta pelo monte um tanto íngreme,Aquela silhueta de cabelos negros longos cor do carvão,Apanhou-me desprevenido e colou-se-me aos olhos,Quase não pousando os pés na terra seca,Ondulava-se-lhe o andar na gravidade serena,Como se mãos invisíveis e prestáveis a amparasse no caminhar
E eu não a perdi com o olhar calcorreando os seus passos,Suspirei e respirei e de peito cheio desejei ser mariposa no ar,Fazer-me companhia daquele desenho feminino esbelto e fulminante,Que deslizava como sombra e consigo me levava sem permissão
Senti vontades de berrar ao meu corpo paralisado e especado,Tal árvore com sentidos e olhares mas sem pernas para andar,Os pinheiros e verdes exalavam seus aromas intensos, minha salvação,Foi por eles que desci do torpe momento e titubeante seguir-lhe as pisadas, Cor do fogo e do lume na terra quente as marcas dos seus pés nus
O rio lá em baixo já se fazia ver e sentir com os seus frescos e sons inebriantes,Seu vulto ganhava formas esvoaçantes dadas pelo vento elevando os cabelos longos,Fazendo o vestido vermelho dançar e subir mostrando as coxas morenas e luzidias,Atraentes e moldadas por certo
pelas mãos caprichosas da natureza genial
Calava a custo a boca do estômago sempre que me aproximava, espasmos bruscos,Daqueles cabelos soltos em acenos que me entusiasmavam a seguir,Aquele corpo de mulher de feitiço que emanava cores e cheiros espalhados à sua volta,Embebedando-me os sentidos tal como o banho do sol exaltava aquela figura encantada,E na ousadia de quem está só, se desnuda, e mergulha nas águas límpidas e frias,De correrias alegres, deleite de braços sem maculas que evocam a nudez resplandecente,Provando e saciando-se do corpo perfumado da ninfa inocente!... Carlos Reis(Imagem:Web)