
Chegaste até mim pelas marés nas ondas vadias da noite e do dia,Não foi difícil perceber os recados da água que traziam de ti,Senti-os bem na boca e nas palavras que deixavas espalhadas na areia,Desenhos claros de chamariz dos teus pés nus em danças de encantaria, Falaste de outros mundos e altares para além do horizonte do mar,Castelos de sonhos e lugares virgens tão bem conhecidos de ti Sereiazinha,E deslumbrado perdi-me e não fui nos teus cantos quando me quiseste levar
Mas jurei aos anjos que hei-de procurar-te para lá do tempo imaginado,Onde as medidas do espaço são fragmentos sem ponteiros no ir e vir enlevadosE as imensas transparências dos sentires mais leves que o ar,Seguir-te-ei pelos cheiros do teu corpo que se incrustaram em mim,E as estrelas no tecto do céu me levarão até a ti menina do mar,No meu palmilhar diário na terra que pisaste, e não paro, em devaneios sem fim
Acenaste-me tantas vezes em piscares de olhos cálidos de sedução,E êxtases de emoções desencadeaste nas muralhas do meu peito frémito, Foram jogos de namoro que absorvi e hoje entrego-me estendendo a minha mão,Para que enleados em caminhares juntos
nem rios, nem montanhas, Nem os crápulas dos diabos todos juntos nas rezas de mito,Impeçam que escreva nos teus olhos azuis os meus poemas de amor,Sempre que os meus lábios te toquem em paixão sem barreiras!Carlos Reis(Imagem:Web)