Segunda-feira, 30 de Agosto de 2010

Acenos

navegar_suave.jpg

 

Em cada partida, ei-la sempre presente no porto correndo e acenando no seu andar de gazela distinto e muito feminino, parece que levita no seu deambular.

De cabelos soltos ao vento faz de cada ida ao mar um ritual sagrado que nunca perde. No barco está a sua paixão, uma das primeiras razões do seu viver. Mulher esguia e bela mas mostrando já muito dos sinais da vida dura da pescaria.

O rosto lindo de tez escura do sol que vai deixando marcas, derrama sempre algumas lágrimas que correm para o mar e por um niquinho que seja, depois de tantas despedidas de lágrimas caídas, o oceano está mais cheio de água.

Esbraceja e grita palavras do momento, de saudades e esperança, que ecoam em voo directo ao barco…... sons que parecem libélulas no voar livre que pousam nos olhos semicerrados do homem.

Enquanto não perde o barco de vista no horizonte longínquo prateado pelas cristas das ondas não arreda pé, e o olhar e cabelos revoltos são a chama da esperança…... fica plantada, no chão duro, como árvore valente de ramos bailando ao rugido da ventania que não esmorece nem um pouco a sua firmeza.

O sol ainda está alto e o fresco faz-se sentir na pele, mas a azáfama no barco já é muita e todos sabem o que fazer.

O dourado das mãos do sol torna a coloração do mar num monte de espelhos onde não há cores únicas mas sim tons que se mesclam em cada baloiçar, como se em cada olhar nova pincelada fosse inventada, isto no meio da rudeza é deslumbre também, são encantos que o navegar do mar dá, é poesia em cada batida da água.

E em muitos momentos pode-se sonhar - sabem que no alto mar, e em especial à noite, o silêncio pode tornar-se tão intenso que parece esmagar o peito e a alma?

O marulhar ao fim de algum tempo quase já não tem som, só suavidade quase surda que embala e entranha-se nos sentidos dando dimensões transcendentes aos sentimentos e pensamentos que parece «extra-corpóreo»…... fora do corpo num sentir e perceber as sensações e emoções mais amplas…... numa realidade muito surreal bem diferente da...… da terra!

O céu com o passar do tempo fica ainda mais imenso no isolamento que dá, num escuro esbranquiçado e nunca negro como é pintado, deixa-se passear-se lentamente pelas estrelas manequins vaidosas e brilhantes que vão desfilando...… ficam tão perto dos olhos que as podemos beijar.

Tanta é a minha admiração pelos navegadores e velejadores de outrora como os de hoje (como desta rapariguinha Holandesa que nesta altura navega sabe-se lá em que mares à volta do mundo) que sinto inveja tamanha pelos seus feitos em tão profunda liberdade e desafios de riscos impensados, que me sinto tão pequeno aos factos das suas façanhas.

E a imaginação solta-se e podemos esventrar o céu na sôfrega procura do que existe no outro lado para além do visível. Esta procura plausível e legítima (que pode parecer insana, mas não é) dos segredos do invisível no cosmos está nos nossos genes pois temos a mesma origem.

E, assim, no turbilhão de ideias que me assaltam e ocupam o pensar e divagar, relaxo-me na droga da nicotina fumando-a com prazer, encostando-me a um canto no cais agora vazio. Desejo o conforto no cheiro da água salgada e nos desenhos das cores e sombras que o sol, agora que se deita, vai criando no espectro que o meu olhar curioso alcança.

Nós todos temos esta imensidão desconhecida dentro de nós, tal como os universos em contínua expansão, nunca estamos satisfeitos com o que temos e conhecemos, precisamos de continuar a procurar, descobrir, redescobrir o lado oculto das coisas.

Ei-la de novo no cais especada como que rezando pelos dedos das mãos, ou estará somente contando as horas para o fim do crepúsculo esperando o barco tão almejado?

Por fim um ponto faz-se perceber no horizonte distante, onde o céu submisso se curva ao poderio do mar...… e no ondular do mar, no ondular das manchas longínquas disformes, a sua respiração ansiosa parece explodir em grandes golfadas de ar, e a silhueta da mulher que parecia pequena torna-se enorme na aura que irradia de si…... pressentiu e adivinhou que aquele pequeno vulto é o dela…... a embarcação que traz a paixão querida e sofrida, o sonho da sua vida!

Agora só na linha entre o longe e o perto dos abraços e beijos e lágrimas de felicidade!!!

 

Carlos Reis

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publicado por In Loko às 10:39
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Domingo, 22 de Agosto de 2010

Intemporalidades

galaxia1.jpg

 

Gosto de te ter assim sorridente ao meu lado de mãos dadas,
Sentir o latejar do teu sangue e receber os recados silenciosos que dizem,
Perceber como estás feliz, como estamos felizes neste deambular solto,
Há tanto em nós que nos torna únicos neste saber o que queremos sem trocar palavras.

 

Vem comigo, agora vamos voar sobre o mar a caminho das estrelas,
Sabias que há lagos nas estrelas feitos dos olhares das pessoas quando as olham?
É verdade, deixam lá brilhos dos olhos da verdade dos sentires no éter que os levam,
São maquinações dos sonhos, que sábios como são espantam o mal e adulam o belo.

 

Diz-se que nas estrelas tudo pode acontecer sempre que as emoções pensam,
Não é mentira não, é tudo real, é a inteligência do coração quando se abre em plenitude,
O coração como tem vida própria quando a explana, sem máscaras, só fala a verdade,
E a verdade do coração mesmo que insondável é percebida a cada batida da ansiedade.

 

Podemos brincar e sonhar nas estrelas como em mais nenhum lugar,
Se quiseres podes pegar nos fios dourados do sol e tecê-los em longas tranças,
São caminhos que nos levarão a outros universos, outros mundos de encantos,
Mas sê delicada nos teus gestos, cerzir os cabelos do sol precisa da paixão das entranhas.

 

Tudo aqui em cima no mundo do cosmos é muito espaçoso e fácil de saltitar,
Vês todo este manto escuro no espaço entre os astros e galáxias? É a matéria negra,
Parece vazia mas não está... está cheia de energia viva que no querer da mente sopra ar,
São como os caminhos na Terra que nos deixam viajar, só que aqui é tudo muito mais rápido.

 

São formas de asas que o instinto desperta e no mesmo instante flutuamos em outro lugar,
Plantamos um resplandecente jardim de rosas de um lado e nenúfares no lago adiante,
Não existem fronteiras neste tempo sideral se as vontades e desejos almejarem,
Tudo é permitido aqui aos olhos da mente na moldagem do mais distinto jogo a dois amante.

 

Caminhar entre sóis e galáxias é tão simples e delicioso como andar no areal da praia,
É pegar-te ao colo e dançarmos sem chão, o que nos suporta sãos os sons da melodia,
Que nos levita, nos leva, nos acordes que se sussurram dentro de nós e o vento fresco desfia,
Tal como nos corpos que se dão e nos beijos de paixão nada mais existe... é tudo inconsciência!

 

É como o pintor quando olha para a tela branca, sem nada marcado, vai brincando com os jogos das cores e já tem a pintura praticamente feita.
É como diz aquele sábio-maluco do Einstein, nada é verdadeiramente real, são tudo espelhos de ilusão, tudo depende do lugar e da nossa perspectiva.
É como faz o poeta, nada mais tem do que sentimentos de si e dos que rouba ao alheio e exalta-os dentro de si, depois em palavras, junta tudo para criar sonhos e arrebatar as almas.
É o que estou a fazer agora na folha vazia à minha frente, pego nas letras e jogo com as palavras para vos deixar os meus sentires e emoções!...

- Eiiiiii tu!!!... Por onde andas com esse sorriso alegre no rosto e ar sonhador!?
- Eu???... Eu... pensava em ti... como és linda e gosto tanto de ti!!!
- Hummm... olha que já te conheço... esse sorriso sonhador é lascivo também... por acaso não estás a pensar o mesmo que eu, ou estás??!!
- Poisss... se calhar estou!!!... Mas primeiro vamos molhar os pés no mar!!!

 

Carlos Reis

 

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publicado por In Loko às 10:59
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