Letras Pinceladas

Quantas vezes à noite naqueles passeios perdidos pela beira-mar,Com as velas das estrelas a acompanharem-me os passos lentos,E a música do mar que me enche os sentidos,Me pergunto…-Quantos mundos habitados não haverão por aí?Pela lei das probabilidades são muitos, imensos até!Se me aparecesse agora um alienígena pela frente,Como reagiria?...Não faço a mínima ideia, atónito talvez, surpreendido com certeza,E se fosse uma daquelas figurinhas delgadas, desengonçadas, esguias,A estender-me o braço para um cumprimento?Que faria?...Ou borrava-me todo ou num daqueles tiques tão próprios de mim,Estendia-lhe o braço… sorrir tenho muitas dúvidas que o conseguisse!E se depois do espanto “eu dele e ele de mim” o ambiente desanuviasse,E começássemos a comunicar?Numa língua qualquer, lado a lado, lá íamos em amena cavaqueira,Contando coisas dos nossos mundos…«-Estás a ver este mar, é um dos braços longos do oceano atlântico, este oceano é monstruoso cheio de longos braços de água que vão até ao outro lado do mundo. –Eu sei, tenho vindo cá de longe a longe, nós lá só temos 2 oceanos, ao contrário de vós terráqueos, o nosso mundo é mais terra do que água!-Ah é? E o teu mundo fica para que lados? – Estás a ver a última estrela da Ursa Maior, é sempre em frente, saímos da constelação da Ursa viramos à direita e lá está o nosso sistema solar que é triplo, é lindíssimo!-Não duvido pá, e a nave onde está? – Ali em frente no fundo do mar. – No fundo do mar? Mas tu estás seco! – Nós não nos molhamos, nosso corpo tem um protector anti moléculas de água. –Olha isso fazia-me um grande jeitaço, aqui neste mundo com os temporais que há, era o melhor que me podia acontecer!... E rimo-nos, e lá continuamos pela costa fora olhando o mar e conversando…»Carlos ReisPintura: Carlos Reis