Se um dia a noite me apanhar desprevenido e não me deixar mais deliciar-me com os seus frescos e encantos silenciosos, peço às mãos do tempo que me ampare e me deixem descansar no seu berço até que a aurora quente do novo dia me tire da letargia num novo despertar.
A noite está fria, mas o espírito natalício está quente nestas luzinhas espalhadas em ruas iluminadas num sol nocturno (sol molhado por vezes por que a chuva não veio às compras e nem sabe o que é o Natal)... e os sorrisos... sim, ainda há sorrisos... no frenesim das sombras e vultos das pessoas são brilhos que me empurram a passear sem rumo.
São trilhos que gosto de percorrer em pedras cansadas, mas alegres, de tantos passos repetidos. Para que na energia ressurgida possa inverter a marcha rápida do meu rumo, tantas vezes distraído e, saltitando de estradas e caminhos, apanhar novamente o ritmo dos meus passos menos irrequietos.
Sou homem de sorte... transgressor e delinquente também... que tem nas emoções, paixões e convicções as teias fortes que me suportam e alimentam, mesmo quando grito as dores do momento quase insuportáveis, na miséria dos olhos que olho e se revelam... mas os voos dos sonhos estão presentes também, logo ali à minha volta nos risos abertos das crianças.
É gáudio para mim e esbracejo e apanho o fio do destino, que conhece melhor do que eu os traços a seguir.
Bebo o sal das lágrimas e respiro os odores dos suores do meu corpo que parece um mar tempestuoso... sorvo a alegria da esperança que me canta, suavemente, em cada palavra tua criatura linda e maravilhosa, que fazes o favor de me acompanhar.
Na folha de papel amarelecida no chão, tantas vezes no frio da mente, leio: Nunca alteres de propósito a sina de alguém, há tantos sonhos em cada um e não temos o direito de os destruir.
E pequenino como sou ainda há tanto de imenso em mim... e apetece-me partilhar com quem me cruzo olhares e sorrisos de felicidade... cumprimentar e acenar sem rodeios o fervilhar que me vai no interior... é como bailar, como banhar-me, nas águas deliciosas dos afectos... é entregar-me à volúpia dos sentimentos belos sem disfarces.
Sinto-me contente... tenho a cabeça tão cheia de sons bons!
Carlos Reis
Solta-se a mente e solta-se o espírito no corpo da noite que começa.Vestida de brilhos e cores espalhadas que prende os...
. Incógnitas - Nobreza na N...